A Cidade de Fair Leaves
07 Feb 2017“Cabô de chegar, forasteiro? Vi que acabou de descer do trem. Acho que você veio trabalhar no Banco Nacional ou nos Correios ou em algum outro lugar, mas é raro ver gente chegando aqui a Fair Leaves e permanecendo.
Mas você tem pinta de ser uma pessoa ordeira. Fair Leaves gosta de pessoas assim. A cidade foi fundada a mais ou menos uns 150 anos a 200 anos, quando o pessoal tava indo para o Oeste na Febre do Ouro. Ainda tem um velho carroção da época perto da região da antiga Fazenda dos McBaalian. Algumas pessoas desistiram da viagem no meio do caminho. Isso era bem mais comum do que as pessoas imaginam. Aí elas ficaram, se tornaram um ponto de abastecimento de outras caravanas, começaram a plantar milho e maçãs, e assim cresceu… Tivemos nosso azar também na Grande Depressão, e perdi uns bons amigos na época da Guerra. Mas posso dizer para o senhor: aqui é um lugar bem ordeito.
Bem, o senhor veio para trabalhar onde? Na escola do senhor Goatzeit? Ah, acho que sei, você é o que vai ensinar as crianças a mexer com aquelas coisas de computador? Eu sou mais antigo, mais ligado ao campo… Mas eu sei que isso é importante pros meninos. Mesmo eu de quando em quando tenho que usar essas coisas. Mas normalmente os meninos ajudam a gente.
As crianças aqui não são que nem da cidade grande… Elas são bem obedientes, mas são ativas. Não ficam trancadas em casa. Elas brincam na rua e tudo o mais. Tentamos preservar um pouco elas, sabe? Já tem notícia ruim de mais quando elas vêm coisas de Great Willows e outras cidades vizinhas. Aqui elas podem crescer e serem o que quiserem, sem ficarem se iludindo com essa porcarias que passam na TV e coisas do gênero. Elas tem muito o que fazer aqui.
Tá vendo aqueles ali? Que Deus os proteja, os pestinhas: eles são todos da escola. Eles tem um clubinho “secreto” no velho Carroção. Eu não sei se algum dia vou dizer para eles que cada geração de garotos tem sempre uma turma que escolhe o Carroção como sede. Eu mesmo, quando tinha a idade deles, era dessa turma. Era bem divertido: a gente fazia muito arruaça, mas não aprontavámos tanto a ponto de merecer mais que algumas palmadas.
Essa é uma cidadezinha bem pequena: esqueci de te perguntar onde você vai ficar… Ah, em cima da loja dos Saintbern? Eles são bem inteligentes e fazem parte da comunidade a muito, muito tempo. Eles não são das famílias fundadoras, sabe… Acho que deles ainda restam apenas os McHog. Diga-se de passagem, evitem encrencas com eles, em especial com o filho dele, Richard. Ele é uma peste, e você não vei querer ter eles como inimigos.
Mas tem muitas coisas boas aqui: a senhora Hecket tem a melhor doceria do mundo, ao menos na opinião de nós que vivemos em Fair Leaves. E ali fica a loja de roupas da Madame Le Peu. Não se engane com a aparência dela: ela é perfurmada como uma flor, e não daquelas fedorentas! Ali é a prefeitura, onde nosso prefeito Leon Platiponalis cuida para o melhor para a cidade… O que de vez em quando o coloca em rota de colisão com o senhor McHog. E também temos muitas fazendas e pequenos negócios na região. Muitas fazendas e muitas pessoas vivem aqui e dependem da escola do senhor Goatzeit para educar suas crianças.
Mas não se preocupe… Sei que você vai se dar bem E tenho certeza que vocẽ vai se assentar aqui.
Cada narrador pode criar sua própria Fair Leaves conforme sua necessidade, mas aqui apresentaremos a Fair Leaves que imaginamos para nossas descrições e cenário.
Nota do Autor: Nas descrições da cidade de Fair Leaves, marcaremos potenciais Aspectos em Negrito e Itálico, como nessa nota. Cabe ao narrador determinar o quanto disso é verdade em sua própria Fair Leaves.
Fair Leaves é uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos, uma cidade que, ainda que não seja muito pequena, o é o bastante para que todo mundo se conheça, os poucos forasteiros se integrando rapidamente à cidade ou a deixando para trás tão logo tenham resolvido seus negócios. Ela basicamente é uma cidade rural, muitos de seus habitantes vivendo do campo e, embora tenha modernidades adequadas ao período de tempo, ela ainda assim é arraigada em uma cultura mais interiorana, sendo uma cidade bucólica e de gente honesta.
Fundação e Tamanho de Fair Leaves
Fair Leaves foi fundada a muito tempo, durante a época da Conquista do Oeste e dos grandes Carroções, ainda que não seja exatamente no Oeste, mas mais no meio do país. Ela foi fundada por colonos que não quiseram seguir adiante após encontrarem essa cidade com terra boa para o plantio e um rio de águas caudalosas, mas calmas o bastante para que um moinho d’água pudesse ser construído e peixes pescados. Até hoje na Praça Central o Marco de Fair Leaves carrega o nome das Quatro Famílias Fundadoras, da qual apenas os McHog ainda vivem na cidade. As demais, como os McBaalian, O’Wool e Bieberaus, já deixaram a cidade a muito tempo, seus nomes apenas sendo encontrados nas ruas e nas lendas.
Fair Leaves teve momentos de maior população, como durante a Febre do Ouro, onde alguns ficavam para vender suprimentos aos viajantes, e momentos em que quase desapareceu, como durante a Grande Depressão e as Guerras. Porém, em momento algum Fair Leaves tornou-se uma cidade de grande porte, nunca tendo mais do que 12 mil habitantes. Atualmente Fair Leaves possui na casa de 8 mil habitantes.
Apesar de tudo isso, Fair Leaves possui sempre muitos forasteiros que chegam e vão, graças a uma posição central que torna-a importante para certos negócios, como para o Banco Nacional, que sempre mantém alguém na agência, normalmente de fora da cidade.
A Estação de Fair Leaves
A primeira visão de qualquer um ao chegar em Fair Leaves é da Estação de Trem. Uma estação pequena, bem simples, recebe normalmente um trem por hora durante o dia, sendo que de noite os trens apenas param quando alguém tem que subir ou descer do trem, o que é indicado pelo velho chefe da estação, o senhor McGoatee.
Para os recém chegados, a grande vantagem da Estação de Trem é que ela dá uma visão privilegiada de o que é Fair Leaves: mais de um artista abriu um cavalete a partir da entrada da Estação para pintar a Praça da Cidade e suas casas e lojas centrais.
A Praça Central
A Praça Central é um dos locais mais importantes de Fair Leaves: de frente para a Igreja da cidade, fundada ainda na época em que haviam moradores de cada uma das Quatro Famílias Fundadoras, como está marcado no Marco de Fair Leaves, uma pedra que foi colocada na Praça. Próxima ao Marco, existe um Coreto onde até hoje são feitas apresentações de bandas marciais e discursos dos Prefeitos e políticos da região, além de uma pequena fonte ao meio da Praça, onde ocasionalmente alguém ainda bebe da água. O gramado da Praça é bem cuidado e em geral ela está bem limpa, graças aos esforços de todos, o que torna o trabalho dos varredores de rua mais simples.
A Prefeitura de Fair Leaves
A Prefeitura de Fair Leaves foi estabelecida em uma das antigas residências de uma das Famílias Fundadoras, que após deixar Fair Leaves vendeu suas propriedades para a Prefeitura.
Apesar de ter uma aparência bem antiquada, de antes da Guerra Civil, ela é equipada com tudo o que é necessário para manter uma adminstração eficiente. No mesmo prédio fica a Câmara dos Vereadores e o Tribunal da Comarca.
O atual prefeito de Fair Leaves, Jake Platiponalis, é considerado bom por muitos, mas a última Família Fundadora que ainda vive em Fair Leaves, os McHog, o consideram irritante, pois ele não é um capacho para os mesmos. Ele procura trazer mais investimentos para Fair Leaves, o que tira parte do poder dos McHog. Foi ele que, por exemplo, construiu uma nova sede para os Bombeiros e reformou a Delegacia de Polícia.
A Escola do Senhor Goatzeit
A Escola local ainda segue um ensino meio antiquado, mas está se modernizando. Ela nunca foi nomeada em nome de alguma personalidade importante de Fair Leaves (apesar dos esforços dos McHog para tal), portanto ela costuma ser conhecida pelo nome do diretor atual. No caso, o velho senhor Wilheim Goatzeit.
O senhor Goatzeit é um professor formado na velha escola de seriedade e sisudez na educação e tem pouca tolerância com as modernidades que os demais professores trazem. Por exemplo, ele não admite que os alunos não estejam devidamente limpos e bem trajados, o que quer dizer que todos devem estar de uniforme.
Entretanto, o senhor Goatzeit costuma ser justo: não importa quem seja, se você fizer besteira, por ela irá pagar. Ele também se preocupa com seus alunos e, apesar de seu pensamento antiquado, ele respeita as pessoas e suas diferenças muito mais do que as pessoas poderiam esperar.
A escola é um prédio bastante simples, cercado por um muro, divido em dois grandes prédios, um para o primário e o kindergarten e outro para os alunos mais velhos. No fundo da propriedade existem alguns campos para prática esportiva, como futebol, futebol americano e baseball, e, mais perto dos prédios da escola, áreas para o recreio. O refeitório é comum para ambos os prédios, e não existem muitas divisões.
O maior problema na escola são as turmas de Valentões, em especial as que judiam dos menores que eles. O pior é que eles são muito esquivos, pois sabem que o senhor Goatzeit é bem rigoroso.
A Doceria da Senhora Heckett
Talvez a segunda loja mais antiga em funcionamento, sendo que a mais antiga mantida pela mesma família e no mesmo lugar, a Doceria da Senhora Heckett foi fundada a mais de 100 anos e sempre foi mantida pela família Heckett como um negócio familiar. Atualmente as coisas andam meio difíceis, devido aos doces modernos vindos da Cidade Grande , mas ainda chama a atenção das pessoas que gostam de doces e bebidas refrescantes, seja a limonada e sorvetes geladinhos no verão, ou o chocolate quentinho durante o inverno.
A senhora Lilly Heckett, atual dona da Doceria, aprendeu o ofício de sua mãe, que aprendeu da mãe dela e assim foi. Apesar de ter estudado e aprendido muitas técnicas novas e modernas, a senhora Heckett ainda faz muitos dos doces segundo os métodos mais tradicionais, o mesmo Livro de Receitas da Família Heckett sendo o segredo do sucesso dos doces e bolos que, geração após geração, encantam crianças e adultos.
O Depósito e Loja de Ferragens do senhor Duncee
O mais próximo que pode ser dito de um ferro velho que existe em Fair Leaves, o Depósito do senhor Duncee é onde as pessoas dão um jeito de providenciar peças para carros ou tratores da região.
O senhor Duncee herdou de seu pai a velha Loja de Ferragens e a expandiu, comprando e vendendo peças para carros, motos e equipamentos agrícolas. Apesar de ser meio assustador, à exceção do cão de guarda Ken não existe nada de realmente perigoso ou assustador na loja de Ferragens e Depósito do senhor Duncee, nem mesmo o próprio senhor Duncee. Ele apenas fica muito bravo quando as crianças da região aprontam no depósito, mas ele não é ruim com elas.
O mercado Saintbern
Fair Leaves nunca precisou muito de um mercado, já que basicamente as fazendas da região produzem tudo o que normalmente eles precisam, e o que precisavam elas traziam de fora, das cidades vizinhas, como Katchalow e Great Willows. Com o crescimento da cidade, entretanto, passou a ser necessário algum tipo de mercado onde as pessoas pudessem comprar coisas que normalmente não comprariam de outras ou para quando elas não tivessem tempo de pegar o trem e ir para Great Willows comprar coisas. E foi a alguns anos quando os Saintbern, vieram de muito longe, do Estado de Washington, até Fair Leaves e se estabeleceram, onde criaram um pequeno mercado, que revende a preços justos produtos para as pessoas.
Os Saintbern são pessoas já consideradas parte de Fair Leaves, apesar de serem recém-chegados. O pai, o senhor Samuel Saintbern, era um vendedor de uma grande empresa, até que decidiu (devido ao stress da Cidade Grande) largar tudo e ir para a cidade que sua avó citava da época da infância dela, Fair Leaves, onde montou um pequeno mercado e passou a vender produtos para as pessoas de Fair Leaves que ele pede para trazer de Great Willows ou, em alguns casos, de trem, vindas da Cidade Grande.
O Centro Cívico Löwe Bieberaus
O Centro Cívico Löwe Bieberaus, nomeado assim em honra a um dos fundadores de Fair Leaves, é mantido por um grupo de pessoas da cidade conhecido como Associação Cultural de Fair Leaves, formada por pessoas que procuram investigar as tradições e manter festividades regulares e tradicionais de Fair Leaves, e catalogando lendas e histórias de tempos passados (e do presente também) de Fair Leaves, sendo também os responsáveis por manter A Gazeta de Fair Leaves, um jornal que, embora exista uma banca de jornais em Fair Leaves, ainda é vendido e entregue por garotos do jornal.
O Centro Cívico em especial é onde ocorre a Feira Agrícola de Fair Leaves, onde todos os fazendeiros apresentam seus melhores produtos para compradores das cidades vizinhas, como Great Willows, além de poderem negociar insumos e equipamentos para a próxima safra. Além disso, eles mantêm uma festa de primavera, com danças típicas e muita comida, além de organizarem eventos de dança, recitais de música e peças teatrais, em especial em épocas como o Natal e a páscoa
O Centro Cívico de Fair Leaves é a maior construção que fica na cidade, servindo como um centro de exposição e campo esportivo, onde pratica-se futebol, futebol americano e qualquer outro esporte da região. Ele fica perto da saída da cidade pela estrada que liga Fair Leaves a Great Willows.
Atualmente, quem cuida do Centro Cívico é a senhora Woolima Laughton, que tem sangue das Famílias Fundadoras (alguns dizem que inclusive das Famílias O’Wool e Bieberaus) e procura preservar as antigas coisas de Fair Leaves. Ela é uma senhora bem bondosa, mas atrapalhar seu chá é pedir para arrumar confusão.
Além disso, é no Centro Cívico Löve Bieberaus que a Associação Cultural de Fair Leaves organiza eventos diversos, como as Danças de Salão e as encenações de batalhas da Guerra Civil, além de ser o espaço para os grupos de teatros e outras comunidades artísticas da região de espaço para outras atividades culturais. Também serve como sede do Grupo de Escoteiros de Fair Leaves, e também recebe Grupos de Escoteiros de outras cidades, como Great Willows, para a partir do Centro Cívico realizar seus acampamentos e atividades ao ar livre.
O Grupo Escoteiro de Fair Leaves
Sem uma sede própria (ainda), o Grupo Escoteiro de Fair Leaves divide com o Grupo de Teatro e o Clown Alley, o grupo de voluntários que atuam como palhaços em eventos cívicos, de Fair Leaves a Associação Cultural de Fair Leaves como sede. O Líder Escoteiro local, o senhor Leon Orel é um dos melhores e mais responsáveis líderes escoteiros da região, e não poucas vezes trabalha em conjunto com os grupos escoteiros de outros cidades, em especial das vizinhas Katchalow , Great Willows e Deep Lake, para atividades divertidas com os escoteiros da cidades.
Os campos de Fair Leaves
Os campos de Fair Leaves, fora da cidade, são compostos por uma série de fazendas, grandes ou pequenas, onde os fazendeiros fazem o possível para ganhar a vida. Muitas das fazendas ficam próximas ou são de alguma forma ligadas às estradas que saem de Fair Leaves indo para Katchalow, Great Willows, Deep Lake e Lavender, preferencialmente perto também de uma região de águas, como um pequeno lago ou um riacho que passe pela região, até chegar no Rio Donahue, que vai até os maiores rios da região. Existem várias culturas na região: maçãs, trigo, milho, feijão, cevada, carnes, tudo conforme a época do ano e a região.
O Velho Carroção
Uma das maiores curiosidades de Fair Leaves é que existe ainda um dos velhos carroções que cobriam as planícies indo de um lado ao outro do país. Largado no alto do monte Stingray, perto do lago do Urso Malhado e do Moinho da antiga propriedade dos McBaalian, esse velho Carroção vem sido mantido inteiro por geração após geração de crianças que, cada uma a seu tempo, a adota como uma espécie de “clube secreto”.
Curiosamente, nenhuma delas consegue reformar o carroção para que ele se torne “móvel”, mas todas conseguiram a tornar um local onde podem passar algumas noites acampados, debaixo da luz da lua e usar como uma base onde podem deixar suas coisas.
Existem histórias sobre Cápsulas do tempo, verdadeiro baús de história deixados por cada turma desde a fundação de Fair Leaves até hoje, embora ninguém tenha procurado-os, e, portanto, ainda seja um mistério se realmente eles existem.