Señorita Ernestina “Calavera” De La Marea
A Iconoclasta e Descontraída dama de rosto desfigurado que provocou uma revolução nos veículos e na sociedade da Latinoamérica de La Vaporeta
Desfigurada por um atentado contra sua vida quando adolescente, a conhecidíssima Señorita Calavera tem uma aparência iconoclasta e provocadora: utiliza uma máscara de caveira do Dia de Los Muertos continuamente, o que esconde o rosto desfigurado, sempre em tons chamativos e brilahntes de rosa, verde, vermelho e cores similares. Essa máscara lhe desce pelo pescoço, e sempre combina com os vestidos provocadores e coloridos, no estilo de dançarinas de Flamenco. Seus cabelos escuros e lisos são amarrados em um coque sedutor por trás de sua máscara. Quando trabalhando, ela utiliza vestidos mais simples, mas quando na sociedade ela faz questão de provocar, seduzir e chocar. Mas nunca, jamais é vista sem máscara, exceto por alguns auxiliares de extrema confiança.
Sua aparência mestiça não esconde o sangue Mexica (Asteca) que corre em suas veias, e ela faz questão de usar as armas que tem para conseguir seus objetivos.
Señorita Calavera é uma mulher iconoclasta acima de tudo. Ela não tem medo de ser venenosa no relacionamento com a sociedade e possui pouca paciência com as hipocrisias da sociedade que não lhe socorreu quando foi vitimada por homens da própria família. Ela é rica e sabe disso, e sabe que é odiada por isso e que muitos desejariam a sua morte, mas suas contribuições para a Ciência e a Inovação lhe dão a proteção que a sociedade não a deu.
Em compensação, em seu coração existe um espaço para os excluídos da sociedade e aos pobres. O que ela é venenosa com a haute societé, ela é compassionada e compadecida com os pobres e desfavorecidos. Tanto que muitas vezes, para esses, ela move mundos e fundos.
Nascida no sul do Império Mexicano, Ernestina de La Marea era filha de trabalhadores de uma hacienda, um dos grandes latifúndios que forneciam para o Império Espanhol e (depois) para os Estados da Califórnia e para os Estados Unidos o precioso gado. Seus pais, pobres descendentes Mexicas, ainda assim contavam com um patrão inteligente, que procurava diversificar sua produção e melhorar sua mão de obra. Desse modo, mesmo eles sendo pobres, tiveram como oferecer a Ernestina, sua filha, uma educação.
Inicialmente apenas focada no aprendizado do Castelhano básico, matemática e de detalhes da religião cristã, isso acendeu em Ernestina uma busca por mais. Com o tempo e a leitura dos livros que o patrão tinha, aprendeu por conta própria as bases de ciências, incluindo Física, Química e Biologia, o que ajudou todos.
Entretanto, ela logo sofreria a pior mudança de sua vida.
Em uma festa na cidade, um homem (não se sabe se um vaquejo de fora ou algum dos rufiões locais), bêbado e ensandecido pelo consumo exagerado e desorientado do peyote) procurou a atacar e violar a força. Ela conseguiu se proteger de certa forma, utilizando uma adaga para amputar-lhe os órgãos sexuais. O mesmo, em fúria, arremessou contra seu rosto algum tipo de ácido ou água quente, causando-lhe uma dor tão extrema que seus pais lhe encomendaram a extrema-unção.
Nesse processo, um peyotero ofereceu-lhe peyote e acompanhou o processo, induzindo-a a um sono que ajudou-a a preservar a vida e a sanidade diante de tanta dor. No processo sinestésico do peyote, ela começou a ter visões das caveiras voadoras, e de Kulkulkan, ou Quetzalcoatl, a serpente emplumada da justiça e do conhecimento, e ela despejou a chuva sobre ela, e ela também viu a divindade do milho, Centeotl, a comida mais importante dos Mexica, e viu a imagem da Virgem de Guadalupe, e todas essas imagens lhe abençoando, até mesmo a temida entidade da vida e da morte, Coatlicue.
Quando ela acordou, ela estava na Casa Grande, onde o patrão de seus pais lhe disse que ela deveria partir para fora do México, pois não estaria segura lá, sendo jurada de morte por ter arrancado a virilidade de um homem (mesmo em legítima defesa). Ela também passou a andar com o rosto coberto por uma máscara de pano. Nesse processo, viajou pela América como um todo, e estudou nos melhores colégios de Mauritiustad e do Rio de Janeiro, e em especial em Mauritiustad aprendeu muito sobre a Engenharia. Seu rosto oculto sempre por máscaras dos Dias de Los Muertos lhe renderam o apelido que, originalmente lhe dado por pilhéria, acabaria sendo adotado orgulhosamente: “Señorita Calavera” (a Senhorita Caveira).
Originalmente excluída da sociedade devido à face grotesca (a pele do rosto foi derretida quase até chegar no crânio, deixando muitas marcas horrendas) ou pelas máscaras estranhas que usava para ocultar as perturbadoras marcas do ataque que sofrera, com o tempo aprendeu a usar seu conhecimento, habilidade, sensualidade do corpo mexica e comentários irônicos e mordazes para trilhar seu próprio caminho.
Seu talento para maquinários com o tempo lhe garantiu contatos e riqueza, que poderia usar para quebrar as amarras de uma sociedade que vê como fundamentalmente hipócrita. E na Revolução Industrial ela viu o problema e a solução para seu dilema. Os estudos de Marx, Smith e outros filósofos lhe deram arcabouço mental, enquanto o estudo dos inventos de Babbage e dos documentos de Lovelace lhe proveram com os mecanismos.
Apenas lhe faltava criar sua Opera Magna, sua obra prima, que cravaria seu nome no cenário mundial.
Foi quando, em uma visita a Boston, viu um equipamento em uma apresentação do circo Ringling Bros. que lhe deu uma iluminação: uma monowheel, similar a uma bicicleta, mas com um grande aro de madeira que era “pedalado” por dentro e dirigido.
Ao voltar para o Mexico, se estabeleceu como engenheira de múltiplos talentos na Cidade do México, e em dois anos, ajuntando uma série de elementos que ela viu ao redor da América, ela criou o que viria a se tornar conhecido em todo mundo como o Unaronda.
Mas a magia dela foi não apenas criar a Unaronda, mas não a patentear, “infringindo” uma regra social dos inventores. Ela sabia que perderia dinheiro, mas isso não era o problema: ela tinha o suficiente. E ao não patentear sua Obra Prima, ela se tornou ainda mais conhecida e impediu uma série de inventores que estavam trabalhando em similares para patentear a mesma de o fazer, uma vez que ela fez questão de mandar a primeira cópia dos projetos, na forma do Guia de Señorita Calavera para su proprio Unaronda, para locais tão dispares quanto a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e a Biblioteca do Registro de Invenções de Los Angeles, e para outros tantos locais ao redor do mundo que fazem registros de obras.
Sem imaginar, ela lançou uma revolução:
Um motor barato de água milagrosa ou diesel; Um grande aro feito de madeira resistente ou ferro, facilmente forjável; Um segundo aro feito de borracha similar a um pneu de bicicleta; todas tecnologias já “dominadas” por muitos engenheiros ao redor do mundo.
A combinação desses elementos simples e baratos proveu a muitos o acesso a um meio de transporte razoavelmente barato, fácil de ser produzido e mantido, e que podia chegar onde cavalos, carruagens e autochoces não chegavam.
Mas ela fez mais.
A cada nova versão do Guia, ela foi dando novas sugestões, baseadas nas cartas que começaram a chegar (aos montes) em sua Oficina de Señorita Calavera, com sugestões sobre como utilizá-la em eventos sociais (como ela o fazia) e como tornar cada Unaronda individual. E essa cultura se expandiu ao ponto de Clubes de Calaveras surgirem em toda a América (e em certos locais mais iconoclastas da Europa, como Paris), onde pessoas que montaram ou compraram suas Unarondas trocavam informações sobre os equipamentos e sobre estilo. Saiotes de couro (para evitar as queimaduras pelo sobreaquecimento da Água Milagrosa), chapéus e alfinetes de chapéu com pequenas caveiras de Dia de Los Muertos, máscaras de Calavera, e outras personalizações na vestimenta e nas Unarondas se tornaram cada vez mais populares e, ainda que chamem a atenção e causem furor quando as pessoas aparecem, elas são cada vez mais “aceitas”.
E isso não deixa de ser a vingança de Señorita Calavera contra a sociedade que não a protegeu quando criança, alegando que “ela deveria se fazer respeitar”. E isso é ainda mais irônico quando todos agora a respeitam, mesmo desejando terminar o serviço que o homem não fez em Puebla.
Tipo | Aspecto |
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Conceito | Uma inventora Iconoclasta e Divertida |
Dificuldade | Rosto Desfigurado - Uma visão assustadora oculta por uma máscara de Calavera |
Lealdade | A Ciência é a única coisa que merece respeito nesse mundo |
Sociedade | “Onde estavam quando uma pequena garotinha teve o rosto queimado?” |
Livre | Um grupo de seguidores e fãs, onde quer que vá |
Nível | Perícias |
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Espetacular (+5) | Ciências, Educação, Mecânica, Investigar |
Ótimo (+4) | Contatos, Recursos, Trato Social, Vontade |
Bom (+3) | Jogos, Pilotagem, Investigar |
Razoável (+2) | Percepção, Montaria, Empatia |
Regular (+1) | Roubo, Enganar, Comando |